05 March 2006

Pinto as palavras e no fundo não escrevo.
O cheiro que me invade sou eu. Este sou eu. Aquele que sinto e respiro.
Barulhos de dentro misturam-se assim.
Deixam-me mexido, refeito de mim.
Roçam os dentes por dentro. Mordem presentes. Afastam-se.
Espelho de lua, vida continua. Contínua.
Cidade vazia de si.
E o gelo invade quem quer. Abre-se a ele. Quem o deixa entrar.
Portas abertas. Corrente de ar.

Pinto palavras e no fundo não escrevo.
Desenho, flutuo, mar. Água com gosto e cheiro. Ácido.
Agreste imperfeito. Pretérito que roí. Corroí.
Amor solitário. Assim.

Corroo a escrita como monstro.
Erva daninha. Escrevo o momento. Vivo só.

Enrolo cabelo, enrolo mentiras. Sonoridade bonita.
O belo, o intocável verde. Linda. Lima.
E o espírito vagueia por entre males e aldeias.
Samurai tão só. Espada, manchas. Sabre que invade.
Abre.

O que está fechado.

3 Comentários:

At 7/3/06 17:48, Blogger Clarissa disse...

E será que abre ?!!!

 
At 8/3/06 23:25, Blogger José Pires F. disse...

Amigo!

Gostei demais deste pintar de palavras.
Já em tempos escrevi coisas parecidas, ideias que vinham e que só eu compreendia e era como dizes, um pintar de palavras.
Abração.

 
At 10/3/06 11:23, Blogger Sweetlika disse...

Oi! Você já esteve no meu blog e hoje estou aqui te visitando...
Belas palavras! Gostei do que escreve "... O cheiro que me invade sou eu. Este sou eu. Aquele que sinto e respiro..." Também sinto parecido. Bjos.

 

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