09 June 2006

Afinal o que importa é o não estar, não é?
Porque o estar já todos o conhecemos. O estar já todos o vemos, sentimos, cheiramos, respiramos... E acabamos por esquecer, assim como nos esquecemos que respiramos todos os dias, a toda a hora. Assim como esquecemos o que comemos ao almoço. Ou os quilómetros que andámos durante o dia. Até ao dia em que nos esquecemos de respirar ou chega a fome. Até ao dia em que a nossa pequena e insignificante rotina é atingida pelo não estar.
E qualquer não estar serve: Um objecto, uma substância, um hábito, uma matéria, uma pessoa, uma vida... E aí, cada um faz como entende. Uns gritam, outros não. Uns choram, outros não. Outros escrevem, outros não. Outros riem, outros não. Mas cada um tem de resolver o problema. Porque o não estar é um problema. Perturba. Incomoda.
E há aqueles que adoecem, os que inventam, os que imaginam, os que por serem mais criativos arranjam maneira de serem chamados loucos. Os loucos, os espertos.
Talvez o pior seja o desespero. Porque o não estar pode levar ao desespero... e aí poucos fazem como entendem, porque o entender já não está.
Já nada está.

Afinal, o que importa é o não estar. Não é?...