30 March 2006

Proponho passeanços por outras bandas minhas porque por cá, está-se um bocadinho adormecido. Assim daquelas semanas em que nada acontece. Em que o tempo parece que pára. Em que não há nada para descontrolar, porque nada está controlado. Está tudo a dormir... A hibernar como diz o outro. A hibernar com música de fundo...
Agora que penso nisso: se se diz hibernar porque é que Himberno está errado? Bem não têm a mesma raiz?
hehe quando não tenho nada para dizer ponho-me a divagar sobre coisas sem sentido.

ah espera lá como é que era?
"O Areias é um camelo
Com duas bossas e muito pêlo!"
hahaha

E de pensar que o senhor que escreveu isto é agora um Senhor (com letra grande e tudo!)
Um viva pó reitor da universidade de Lisboa!

Boa Senhor Reitor! Já animou aqui a malta!

24 March 2006

"Esperava em frente à lareira a tricotar uma peça sem sentido. Já há muito que os pequenos não usavam as meias de lã, nem os grandes os gorros e os cachecóis. Já há muito que os armários tinham ficado vazios. As gavetas enchiam-se cada vez mais. (...)"

Convido a gente de cá a passar pelo Tetros...

19 March 2006


Porque é que ainda aqui estou?
Afinal, enganei-me de estrada ou quê? Porra, o que é isto?! Gaze? Quero lá saber da gaze! Que coisa, nunca se vendem mapas para os lugares mais importantes.
E também, que zunzum! Eh pá calem-se lá que eu estou cansado!
Calem-se!
E surdos ainda por cima! Não percebem que eu me estou completamente a lixar para o que vocês tão para aí a dizer!
Deixem-me em paz! Gaze, maravilha! Fantástico, agora nunca mais saio daqui!
Eh pá, o que é isto? Estou preso? Ha, ainda por cima! Têm medo que eu me vá embora, é? Faço falta a alguém por acaso? Vá, perguntem a vossa volta! Nem aquela velha ali ao fundo se importa! Está a chorar? Está a chorar mas não engana ninguém!
Deixem-me ir!
Ai o caneco, que eu já não estou a gostar nada disto! Oh chavalo! Oh tu! - Ai, que merda é esta? - Oh tu! Estou cheio de calor! Baixa a porcaria do termostato!
Está com convulsões!
Ai mãe santíssima! É agora. Porra. Onde é que eu deixei a merda da carta? Mariana...
Hora do óbito: 22:22

O quarto quente e abafado era pequeno demais para tanta alma.
E no entanto a débil Patrícia dormia...
- Mãe, porque é que a avó não acorda?
- A avó está num sono muito profundo, meu querido. Pode acordar um dia, mas pode acordar nunca.
Olha porque estou em coma pirralho! Porque bati com a cabeça no raio da cómoda quando estava a apanhar a meia do teu avô do chão! Aquele homem nunca arruma nada. Deixa tudo espalhado por todo o lado. Incrível, nunca vi coisa assim!
- Ela está viva, não está mãe?
- Sim, está.
Se estou viva? Claro que sim! Olha-me essa, não se livram de mim tão cedo! Se estou viva?! Bah, mas que pergunta mais parva. Só mesmo tu, pirralho, para fazeres uma pergunta pateta a esse ponto!
- Dói-lhe alguma coisa?
- Não, meu amor, ela está a dormir.
Olha por acaso até dói! Essa Mariana pensa que sabe tudo, mas não vás por ela! Estou aqui com umas hemorróidas há umas semanas e doem-me a valer. Não sabes o que são hemorróidas, pirralho? Olha, nem queiras saber! Uma chatice no cu, é o que são!
E por falar em chatices, alguém viu o Vicente? Miúdo ranhoso, nem sequer cá está!
- Ela ouve o que eu digo, mãe?
- Não, ela está a dormir.
Eu não disse?! Mentirosa! Oiço muito bem! Mas não quero saber disso para nada. Onde é que está o Vicente?
- Posso falar com ela?
Vicente? Vicente?
- Vai se quiseres, mas não chegues muito perto.
De repente a velha soltou um grito:
- Vicente!
- Oh minha sogra, enterrámos o Vicente a semana passada. – disse a mulher.
Ai que o deixei morrer! Ai meu amor! Ai meu filho! Meu querido filho! Mas porque é que fizeste aquilo? O que é que eu te fiz?
Uma lágrima escorreu pelo rosto gasto de Patrícia.
Assustado, o miúdo chegou-se devagar ao rebordo da cama:
- Avó, gosto muito de ti.
Está bem pirralho.
Foi num silêncio aparente que o tempo se eternizou.
E o relógio marcava 22:22.

14 March 2006

O espaço que derramo, não é o mesmo de sempre.
Cresceu. Vejo-o, sinto-o.
Já não estou só.

Desvaira comigo a chuva deste instante.
Leva-me ao extremo para sempre.
Ao sol poente.

Quero sorrir para a chuva e comer flocos de neve (de mel)
Quero rebolar nos sonhos verdes e nas florestas de papel

Que o dia nunca acabe, e que os teus beijos nunca me deixem.

Oh princesa, é da saudade...
Ela é a culpada dos meus devaneios.
Dos meus delírios,
das minhas dúvidas e tremores,
pavores.

Desculpa.

E atão?

10 March 2006


Olha o que eu achei!
Conheço um tipo que anda com isto na cabeça...
Cabeça de morago, ahaha!

09 March 2006

EU NÃO ESTOU DOENTE!

O pires é que é um hypocondryaco.

Conheci-a.
Dei-lhe todo o meu carinho.
Comi-a.
Despedaçei-lhe o coração.

Mas devo dizer,
era uma bela vaca.

07 March 2006

Your Animal Personality

Your Power Animal: Shark

Animal You Were in a Past Life: Polar Bear

You have a strong character - you are an aggressive, ambitious, go-getter.
You were born to lead.

Adoro estas coisas! Faz qualquer um sentir-se bem! Vá lambam-me mais as botas!! hehe

05 March 2006

Pinto as palavras e no fundo não escrevo.
O cheiro que me invade sou eu. Este sou eu. Aquele que sinto e respiro.
Barulhos de dentro misturam-se assim.
Deixam-me mexido, refeito de mim.
Roçam os dentes por dentro. Mordem presentes. Afastam-se.
Espelho de lua, vida continua. Contínua.
Cidade vazia de si.
E o gelo invade quem quer. Abre-se a ele. Quem o deixa entrar.
Portas abertas. Corrente de ar.

Pinto palavras e no fundo não escrevo.
Desenho, flutuo, mar. Água com gosto e cheiro. Ácido.
Agreste imperfeito. Pretérito que roí. Corroí.
Amor solitário. Assim.

Corroo a escrita como monstro.
Erva daninha. Escrevo o momento. Vivo só.

Enrolo cabelo, enrolo mentiras. Sonoridade bonita.
O belo, o intocável verde. Linda. Lima.
E o espírito vagueia por entre males e aldeias.
Samurai tão só. Espada, manchas. Sabre que invade.
Abre.

O que está fechado.

03 March 2006

Gone by Ipslon



«O barulho era ensurdecedor. As redes estremeciam com a força de mil patas. A saliva era ladrada entre o medo e feridas não saradas.
Estava bem cuidado o canil, tudo limpo e desinfectado mas era arrepiante percorrer aqueles corredores. Pior que a tristeza, era o cheiro do abandono que ali pairava.
Olha aquele tão bonito. Tem um olho fechado como tu.
Baixou-se e ajeitou-lhe o cabelo castanho, compondo os laçarotes dos travessões. Aqueles óculos tinham custado uma fortuna mas ela gostava tanto de azul. Valia a pena o sacrifício, faria qualquer coisa para a ver feliz.
Olha como ele está triste. Está a precisar de uma amiga que lhe dê mimos.
Estendeu a mão, sorrindo com o agrado molhado da língua áspera que a lambuzava. Não ia ser fácil ter um animal num pequeno apartamento. Antecipou as saídas à rua nas madrugadas frias, os acidentes a que teria que acorrer de esfregona em punho...
Tens que lhe mostrar como ele é especial. Conta-lhe o segredo da marca das criaturas mágicas. Mas fá-lo prometer que não conta nada a ninguém.
O empregado olhava-a com estranheza. Ela sabia não ser fácil aceder ao mundo das mães. A maior parte das pessoas já não sabia a linguagem dos animais, nem adormeciam embalados na fantasia.
Ele vai connosco.
E foram felizes para sempre.»

by Clarissa

02 March 2006

Infection by Ipslon


"Pegou no telefone e ligou para o operador de viagens habitual. A voz feminina, do outro lado do fio, atendeu-o com a simpatia que se reserva a clientes especiais. Acumulava milhas de avião como outros somam pontos dos postos de abastecimento.
Estava treinado em fazer a mala, tinha um kit de higiene sempre pronto, só a roupa demorava tempo a dobrá-la, sempre foi esquisito com os vincos. Era a vantagem dos quartos de hotel, os lençóis estavam sempre bem esticados, não suportava deitar-se numa cama mal feita.
Adie a reunião de amanhã. Ligue para a lavandaria e peça para me trazerem a roupa aqui à empresa. Vou viajar no fim do dia e só volto daqui a uma semana.
Abriu a carteira para conferir os cartões de crédito, andava sempre com pouco dinheiro. A um canto duas fotos sorriam-lhe. Não ia ter tempo de se despedir delas. Tocou-lhes o rosto com suavidade. As sobrancelhas negras vincaram mais a pequena ruga que as separava.
Um dia destes tenho que ter coragem para tomar uma decisão.
Os dedos escorregaram e os cartões espalharam-se pelo chão. Entre eles um papel gasto pelo tempo.
É bem mais fácil fazer opções em relação ao trabalho.
Fechou o portátil e guardou-o na pasta. Precisava de um café, ia passar algum tempo até voltar a beber um igual. Os bares de hotel têm mais pernas bonitas, de executivas solitárias, que gente a saber tirar uma bica.
Está, querida, vou ter que viajar, só volto daqui a duas semanas. Dá um beijo meu à pequenina."